Viu e acreditou
A ressurreição de Cristo: um acontecimento histórico e base de nossa fé.
Segundo São Paulo, “Se Cristo não ressuscitou, vã é a nossa pregação e vã é a nossa fé” (1Cor 15,14). Por isso os inimigos tentaram ocultar este facto da ressurreição de Jesus, falando de roubo: “Digam que os seus discípulos vieram de noite e roubaram o seu corpo, enquanto nós estávamos a dormir” (Mt 28,13). Que testemunhas interessantes! Enquanto estavam dormidos, viram que os discípulos de Jesus levaram o corpo. Por outro lado, Maria Madalena grita a pleno pulmão: “Vi o Senhor” (Jo 20,18). O mesmo repete os discípulos: “Vimos o Senhor” (Jo 20,24). Até São Tomé, o incrédulo, rende-se, ao ter uma experiência pessoal com o Ressuscitado (Jo 20,29). Ressurreição real de todos modos, os cegos dormidos continuam a gritar, como sempre: “Não é verdade. Jesus não ressuscitou de verdade. Trata-se de uma ressurreição “espiritual”.
Os seus discípulos ao perceberem a sua presença “espiritual” entre eles, inventaram os relatos das aparições de Jesus, como meio para afiançar mais esta convicção entre todos”. Segundo eles, é possível que algum dia possamos encontrar em algum lugar o corpo de Jesus ou, pelo menos, o seu esqueleto. Charles Tazé Russel, fundador das Testemunhas de Jeová, escreveu: “o corpo humano do Senhor foi tirado do túmulo pelo poder de Deus”. Nós cremos firmemente que Jesus ressuscitou deveras, isto é, que o seu corpo recobrou a vida e com este mesmo corpo de antes, já transformado, Jesus apresentou-se aos seus discípulos, vive e seguirá vivendo por toda a eternidade. É esta a fé que nos vem desde o princípio, nisto cremos e havemos de crer para sempre.
Para nós, tudo o resto são fábulas, sem nenhum fundamento, nem na Bíblia nem na Tradição da Igreja, que nos falam claramente da ressurreição «física» de Jesus. Na experiência de São João, que “viu e começou a crer” (Jo 20,8), o que foi que viu São João, que de imediato o fez crer na ressurreição de Jesus? Não estava com ele também São Pedro? Por quê, então, não aconteceu o mesmo com São Pedro, que “viu” o sepulcro vazio e seguiu “sem crer” na Ressurreição de Jesus?
Os panos de linho e o lenço
Aqui está a chave: a posição dos panos e o lenço. São João sabia como tinham deixado o corpo de Jesus, envolvido nos panos e com o lenço sobre a cabeça.
No entanto, São João encontra os panos intactos, como se ainda estivessem a envolver o corpo de Jesus, mas com a diferencia que se vêem como estando soltos ao desaparecer o corpo que continham. O mesmo se observa com relação ao lenço, que se encontra no mesmo lugar, um pouco levantado pelo efeito do sangue que o teria endurecido um pouco. Ao ver isto, São João acreditou, “pois ainda não tinham entendido a Escritura, segundo a qual Jesus devia ressuscitar dos mortos” (Jo 20,9). Como vemos, São João relaciona a ressurreição de Jesus com seu corpo físico, não com uma confiança cega nalguma coisa que Jesus tinha anunciado anteriormente ou ele mesmo tinha encontrado nas Escrituras. E por que é que São João “acreditou” na ressurreição de Jesus, intimamente relacionada com a desaparição do seu corpo? Porque se deu conta que, estando assim os panos e o lenço, era impossível que alguém tivesse “roubado” o corpo de Jesus sem soltar as ligaduras e sem mover nada.
Conclusão:
Aquelas palavras de Jesus: “Felizes os que crêem sem terem visto” (Jo 20, 29)…Jesus tinha ressuscitado como tinha anunciado. E por quê tanta confusão acerca dum problema tão importante para anossa fé? Pela dificuldade de traduzir corretamente o texto grego, que se refere à posição dos panos e do lenço (cf. Jo 20, 5-7). Um problema bastante complicado, cuja solução implica um amplia conhecimento da língua grega e os costumes funerários daquele tempo.
P. Flaviano Amatulli Valente. Fmap